terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Já aplaudiu o pôr-do-sol?


Nos finais de semana, dias de maior procura, a contemplação dá direito a aplausos quando o sol se esconde no horizonte. Vale a pena emendar em um lanchinho ou cervejinha na Vila Madalena, ou Vila Madaloca para os íntimos.

 
Praça Cel. Custódio Fernandes - Diógernes Ribeiro de Lima, no Alto de Pinheiros

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

VOCÊ JÁ FOI A SÃO PAULO ?

Você já foi a São Paulo, Nega ?
Não?
Então vá!
Lá tem vatapá, tem caruru, tem mungunzá.
Tem sushi, paella, bacalhoada, tem mussaká.
Tem macarronada, moqueca, chucrute, tem kafta.

Se quiser sambar
Então vá!
Se quiser forró, heavy, gafieira,
Balada, rap e muito mais
Então vá!

Tem o Ibirapuera, o MASP, Morumbi,
Terraço Itália, São João e a Ipiranga.
Tem mais igrejas que dias.
Tem museu pra tudo: da língua portuguesa,
Do Ipiranga, do futebol, da arte, da imagem e do som.

Tem sobrados escondidos, avenidas, transito.
Têm parques, edifícios, elevados, monumentos.
Muita gente, com muitas cores e línguas.
São Paulo, tem um jeito de correria.
Mas, quando a tarde cai
Tem um jeito que nenhuma terra tem.

Botecos pra mais de mil,
Chope gelado, beliscos dos variados.
Pra se enturmar? Só virar pra mesa do lado.
Não te chamam de meu rei, mas te tratam como tal.
Sendo de fora! Maior acolhida e uma invariável piada.

Se quiser comprar, tem o Iguatemi, a 25 de março,
O Bom Retiro, o Parí, a Daslu
Rua das noivas, dos eletrônicos.
Da música, antiguidade.
Tem shopping pra todo lado,
Da zona norte até a sul

Você já foi a São Paulo, Nega?
Não?
Então va!
Se quiser sambar, comer, beber, amar, comprar.
Então vá !



domingo, 10 de outubro de 2010

Um piano na Estação

A menininha de tranças dançou, enquanto era puxada pelo braço. A mãe apertou o passo e nem se deu conta. A família de bolivianos parou, mas manteve distância envergonhada. O garoto de calça larga e boné passou correndo, depois voltou. Um senhor de blusa azul já observava ressabiado.

Um trauseunte virou pianista. O rapaz de camisa social tomou o posto de virador de partituras. O tenor afoito já aguardava, ao lado. Ele arriscou uma longa galopeira, prova de resistência de gogós. As notas ecoaram pelo sagüão e chegaram até a plataforma de trens. Palmas, palmas, muitas palmas.

A garota que ameaçou me assaltar na calçada encostou para ouvir também. Ali era somente uma criança. Um mendigo distribuía sorrisos que pediam dentes. Duas gringas fotografavam. E muita gente passava ao largo, sem parecer sequer tomar conhecimento do que acontecia.

O tenor simpático tentou convencer a audiência a arriscar uma música também. Ele é frequentador do local, explicou. Sempre encontra conhecidos para cantar ali. Trazia roupas alinhadas e partituras amassadas. Ninguém se animou. Ele continuou, até que um rapaz assumiu piano e voz num lindo reggae.

Tudo isso acontecia ao redor de um piano na movimentada Estação da Luz, região central da cidade de São Paulo. O espetáculo só é possível porque o instrumento fica à disposição da população. Paulistanos e paulistandos, turistas de passagem ou imigrantes residentes, interessantes pela sua diversidade e pela capacidade de cultivar emoções nos mais cinzas e apressados locais da cidade.



Um show da população na Estação da Luz

Museu da Língua Portuguesa

Praça das Palavras

Lembro dos primeiros aprendizados. B, a, ba, baba, bebê, casa, sapo .... Sons tornaram-se letras, sílabas e por fim palavras. Sentado no colo de meu pai, na janela de um ônibus, enorme descoberta. Comecei a decifrar a grafia das palavras. E como papagaio, lia letreiros e perguntava a ele se estava correto:

- Far-má-cia, pa-da-ria, cine, xarope .....

Nesse encanto, segui na busca de gibis, revistas e livros. O mundo se abria à minha frente. As palavras me transportavam aos mais diversos lugares, estimulavam sentimentos e pensamentos. Na visita ao Museu da Língua Portuguesa, fui novamente aquele moleque. Maravilhando-me com as palavras.

A viagem começou pela apresentação de um audiovisual, em uma tela grande, sobre a origem da língua portuguesa no Brasil, narrado por Fernanda Montenegro. Depois, a Praça das Palavras. Um planetário, onde as palavras são as estrelas acima de um chão de versos e trechos literários, que se esparramam aos pés do público. Nas paredes e no teto, são projetadas imagens, textos, poemas e letras de músicas,  declamados por artistas, poetas e cantores. É momento de relembrar Monteiro Lobato com sua Emília, Vinícius de Moraes, Drummond, Guimarães Rosa e muitos outros. É hora de se emocionar com a musicalidade das palavras, com o sentido dos textos e com a doçura da língua.

Um corredor, com uma hipnotizante tela de mais de 100 metros de extensão, é um desfile de projeções sobre o uso da língua no dia-dia, nas festas, na música e por aí afora. Para os mais curiosos, a origem da língua está resgatada. Sua história é contada e as influências tupi-guarani, espanhola, árabe,inglesa, francesa, etc.

Tela gigante de projeção
É impossível resistir às brincadeiras do Beco das Palavras. Sob uma mesa de projeções, o visitante tem que mostrar habilidade em enlaçar sílabas  e formar palavras. O prêmio é aprender o significado e origem de cada uma delas.

Beco das Palavras

A exposição temporária do museu apresenta o poeta português Fernando Pessoa, até janeiro de 2011. Fotos, textos, reproduções e cabines com poemas de cada heterônimo, que a cada movimento do visitante se modificam. Grandes telas reproduzem as anotações na caligrafia do autor. O leitor manuseia como se fosse uma caderneta ou livro. A tecnologia permite virar páginas, contemplar a capa.

Exposição de Fernando Pessoa

A visita reúne o melhor da língua portuguesa com o melhor das tecnologias interativas de museus modernos. E melhor ainda, ingressos baratos e no sábado é “de grátis”. Metrô ao lado ou estacionamento fácil apesar dos guardadores.

Ao sair, faça uma rápida visitinha a Estação da Luz, é o mesmo prédio,  ou um demorado passeio no Parque da Luz ou na Pinacoteca do Estado, que ficam em frente.

No sábado de manhã é sempre mais tranquilo.Para quem é de fora e gosta de compras populares, fica ao lado do Bom Retiro e razoavelmente perto da Rua 25 de Março.

Pç. da Luz, s/nr. – Centro

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Pinacoteca de estados espirituais

Para dias de olhos famintos, a Pinacoteca de São Paulo é lugar para saciar sentidos e apaziguar pensamentos num banho de luz e formas que lava a alma.

Inaugurada em 1905,  a Pinacoteca, atualmente, ocupa o prédio inicialmente construído para abrigar o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. A edificação tem jeito templo e interiores de fábrica, cercada pelo Parque da Luz e a Estação da Luz.

Principalmente, a forma humana está ali delicadamente recriada para contemplação de um público diverso, como deve ser o público de um museu. Estudantes de várias idades e áreas, famílias, casais de namorados, gente descolada e gente simples, senhoras em excursões e passantes desfrutam das belezas do lugar.

A visita vale como homilia estética e comprova que, na arte, o humano também é lugar do sagrado.
Pinacoteca do Estado de São Paulo - Praça da Luz, 2 São Paulo, SP - Tel. 55 11 3324-1000

terça-feira, 5 de outubro de 2010

São Paulo: turismo de sentidos e sentimentos

São Paulo não tem mais completa tradução. Simplesmente porque fala múltiplas línguas. Mas não nos interessa entender sua mensagem. A jornada é simplesmente sentir a cidade. As gentes, os lugares, as comidas, os cheiros, os sons, a ordem e o caos. Para cultivar o amor e ódio que todo paulistano nutre por essas terras.

Porque em São Paulo não existe ame ou deixe-a. Quem ama odeia e não cogita deixá-la.